3 de dezembro de 2013

Capitulo inicial da Biografia da banda

Em outros momentos deste site já esboçamos um projeto de biografia d' A CHAVE DO SOL. Começamos com os anos finais da banda, 1988-91, depois abordamos a fase Verônica Luhr, entre o fim de 1982 e o princípio do ano seguinte. À partir de agora, entretanto, nos valeremos da autobiografia da banda, escrita pelo baixista e amigo Luiz Domingues em seu blog, para recontar e reescrever este capítulo marcante do rock pesado brasileiro. O que você, intrépido leitor encontra aqui não é a transcrição literal dos textos do membro fundador feitos com base em postagens no orkut, mas uma remontagem deles; transmutação essa que esperamos que seja do vosso agrado.

"Portanto, A CHAVE DO SOL representava para mim, a chance de reativar o sonho primordial, interrompido há pelo menos 3 anos".
Luiz Domingues.

FORJADA NO SOL DE DOIS SONHOS: de Julho a Setembro de 1982.

Começando sua carreira em 1976, o baixista Luiz Domingues tinha o sonho de ser um não um mero músico ou artista, mas um rocker. A luta para começar a trazer para realidade o que antes estava no reino onírico, começou com a banda BOCA DO CÉU. Após três anos, não obstante não ter gravado registro, que foram compostos, o grupo se metamorfoseou no LINGUA DE TRAPO, que por suas letras mais cômicas, se afastou do ideal rock'n'roll. O mesmo se deu em acompanhar artistas de brega e MPB, o mais perto do rocker que nosso baixista chegou foi o TERRA NO ASFALTO, porém essa era uma banda cover.



O guitarrista Rubens Gióia partilhava deste mesmo ideal, porém sua incursão pela realidade de Morfeu e dos mundanos foi diferente. Ele acabara de lançar o EP "Simplesmente Rock'n'Roll" com o grupo SANTA GANG, que revelou o baterista Charles Gavan dos TITÃS. Entretanto, sua primeira banda se chamava A CHAVE DO SOL, com o qual ele se apresentou em diversas shows menores entre 1978-80 (um deles abordado na entrevista feita para este blog). Neste ínterim  A CHAVE DO SOL esteve desligada e ele continuava à busca de músicos rockers que partilhassem desse seu ideal.



Desanimado e incomodado com o fato de tocar covers, o TERRA NO ASFALTO estava resumido ao guitarrista Gereba e o vocalista Paulo Eugênio, além do referido baixista. Na tentativa de reformular a banda, a Dona Sabine, francesa radicada no Brasil que era proprietária do "Café Teatro Deixa Falar", sugeriu a Luiz Domingues um jovem guitarrista que namorava, na época, a sua filha, chamado Rubens Gióia. O TERRA NO ASFALTO desde então se desfez, cedendo sua luz à versão definitiva d' A CHAVE DO SOL.

Começaram os ensaios entre os dois novos amigos na casa do guitarrista. Ainda que já tivesse pensando em José Luis Dinola para a bateria, o vaga ficou para Edmundo. Este era amigo do vocalista do TERRA NO ASFALTO, já havendo cedido sua casa para ensaios e ainda que não tocasse regularmente, Domingues acreditou que a amizade valeria o convite. Foram dois ensaios realizados no próprio "Deixa Falar", no qual o baterista demonstrou técnica, comprometimento e entusiasmo, ainda que visivelmente afetado pela falta de prática. No terceiro encontro, Edmundo não apareceu sendo a dupla comunicada pelo pai do baterista que ele se afastaria do grupo por questões pessoais.



Luiz então convenceu Rubens a chamarem Luis Dinola. Os xaras se conheceram em 1980, quando o guitarrista Pitico, irmão de um amigo do baixista chamado Pituco (com quem Luiz participou de uma banda paralela chamada CONTRABANDO), o chamou para alguns ensaios como power trio. Foram feitos somente três ensaios. Porém da dissolução deste veio, dois anos depois, a ideia que gerou a formação clássica da A CHAVE DO SOL.

 O nome A CHAVE DO SOL era composto, enorme, com preposição e artigo, dúbio, portanto sujeito à interpretações errôneas e um tanto piegas".
Luiz Domingues.

Desde o primeiro o nome da nova banda seria A CHAVE DO SOL. O dois outros membros não o aceitaram de princípio, porém acabaram concordando com o argumento sentimental do guitarrista e do significado afetivo deste. O nome porém gerava curiosidade e interesse por parte dos fãs, dando grande visibilidade ao conjunto. Negativamente, ele era constantemente fonte de constrangimento na mídia (onde era grafado ou pronunciado erroneamente). Posteriormente, com saída de Gióia em 1988, o grupo passaria a ser chamar A CHAVE, nome homônimo ao grupo paranaense dos anos 1970.

Entretanto, e voltando a 1982, o nome "colou" tanto instantaneamente como a nova formação e os ensaios de seguiram com a criação da música próprio "18 Horas", que inicialmente se chamaria "Rush". Como covers, o trio levava JIMI HENDRIX EXPERIENCE, TEN YEARS AFTER, DEEP PURPLE, QUEEN, MUTANTES, JEFF BECK, NIEL YOUNG e ROLLING STONES. Entrosamento de vento em pompa, o guitarrista e vocalista Rubens Gióia marca, polemica e temerariamente a apresentação de estréia d' A CHAVE DO SOL.


Primeira foto d' A CHAVE DO SOL publicada na grande mídia.

O grupo debutou no palco no dia 25 de setembro de 1982, no "Teatro Cafe Deixa Falar". Para este show de estreia, A CHAVE DO SOL contou com um vocalista convidado, pois não obstante o Rubens cantar afinadamente, eles sentiam a necessidade de um frontman. Novamente, Gióia teve um repente polemico e radical de quem se encarregaria do microfone nesse pontapé inicial.

Quer saber quem? Espero nosso próximo capítulo.

2 comentários:

  1. Sensacional, Will !!

    Você teve a perspicácia de remodelar o texto com suas palavras e capacidade de síntese, abstendo-se de fazer uma mera cópia da minha autobiografia, e dessa forma, traz luzes novas à biografia.

    Parabéns !!

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