2 de dezembro de 2014

Quarto capítulo da biografia.

Após perder sua distinta vocalista, e com ela o contrato numa badaladíssima casa de shows em São Paulo, A CHAVE DO SOL tentou evitar a crise e o retrocesso de tocar em lugares pequenos se auto-produzindo. Resultado da empreitada: o primeiro prejuízo da banda! Essa fase de vacas magras, porém, antecedeu a ascensão do conjunto, que muito trabalhou e se dedicou entre as intempéries. Confira a seguir o conto desses meses caóticos de segunda divisão da música que incluíram participações especiais do ROCK DA MORTALHA, PATRULHA DO ESPAÇO, R.P.M., preparação caseira de cola e indisposição com a Polícia Militar do Estado de São Paulo!

O texto abaixo é um condensado dos capítulos 45 a 67 da autobiografia na música, seção A CHAVE DO SOL, do baixista Luiz Domingues.

CONFIANÇA PESA MAIS QUE CACHÊ GORDO: ABRIL/1983 À JULHO/1983.

Acabara a badalação. Findara o gordo cache fixo. A Verônica fora embora levando o Victoria Pub e com ele o contrato de exclusividade. Liberdade! Que fazer com ela? Voltar a tocar em barezinhos menores e inflar o repertório de covers? Zé Luis Dinola, o baterista polivalente, teve uma ideia melhor: alugar o teatro do Colégio Piratininga, o qual ele estou e assim achar o seu próprio público! Situado na Avenida Angélica, o colégio (escola particular) possuía um teatro que era usado somente para atividades dos alunos. O auditório de 300 lugares, que após esse show seria conhecido como Sadi Cabral, não tinha cortinas cenográficas pretas para tapar as coxias. O acertado foi que a banda doaria essas cortinas ao colégio em troca de utilizar o espaço um dia. Promissor começo!




Reitero que o teatro era utilizado só para fins escolares, portanto a direção não fazia ideia de como organizar um show de Rock'n'Roll, ou peça aberta, portanto, nem sabia o que significava ECAD, OMB, alvará de funcionamento, taxas e impostos relativos ao trâmite burocrático de  se fazer um evento para o público de fora. Só realizando apresentações em casas noturnas, A CHAVE DO SOL também não!!! Só foi descoberto que tais coisas podiam significar impedimento 20 dias antes da data do show. Isso sem contar que cabia à banda comprar as tais cortinas, alugar luz e PA (equipamento de som), cenografia, divulgação, e, como seria a apresentação inicial sem a frontwoman... ensaiar novo repertório!!



Primeiro, vamos tratar das taxas governamentais. Luiz e Zé Luis foram os dois sozinhos na Prefeitura, de guichê em guichê buscar compreender e equacionar o problema. Tendo em vista o pagamento de altas taxas e os altos prazos para obtenção dos documentos necessários ("que colocavam o show em risco"), e considerando que a apresentação aconteceria (aconteceu) em um Teatro obscuro que nem existia oficialmente, nossos dois desbravadores das sanções públicas resolveram simplesmente abrir a mão de prestar contas à Prefeitura, Estado e Bombeiros! Foram tentados a dar uma "caxinha" a um funcionário apelidado pelo baterista de "Gordo FDP" até que decidiram também desistir do ECAD, pois a multa de 10% da bilheteria máxima do local excedia o valor da taxa cobrada. No que tange à Ordem Brasileiras dos Músicos (OMB) apenas o baixista Luiz Domingues era membro, o que seria usado como "moeda de persuasão" numa eventual emergência. Sabem o que acenteceu? Só o fiscal do ECAD apareceu!

"Esta aí uma coisa que não falha : o fiscal do Ecad aparece até em picnic familiar...bastou pegar um violão para entreter a família, e ele aparece querendo a lista do repertório para o seu relatório, e 10% da arrecadação bruta...".
Luiz Domingues.

No que tange à divulgação, o grupo disponha de verba apenas para imprimir alguns cartazes, mas não para cobrir a colagem de lambe-lambe. Zé Luis foi enfático: vamos fazer nossa própria cola! O processo da fabricação da cola era demorado e transformou a cozinha da casa do Rubens numa fábrica. Era necessário esperar à noite, após a família do guitarrista se recolher e as empregadas domésticas da casa encerrarem o expediente (mediante acordo com Maria, a chefa das empregadas, que a cozinha seria encontrada por elas na manhã tão limpa quanto foi deixada a noite). Era usado polvilho azedo, água fervente e um pouco de sal grosso. "Infelizmente, aquilo tinha um odor insuportável, sendo uma gosma fétida e nojenta, que causava náuseas",  julgou Luiz Domingues. Outros inconvenientes dessa cola é que ela respingava no carro, deixando a roupa de todos com cheiro acre. A cola profissional era mais grossa, menos líquida, de maior eficácia. Na primeira noite, a situação foi difícil, já nas posteriores, o processo de obtenção do grude foi aperfeiçoado. Felizmente, não era muito material a ser afixado.

"Saíamos para a rua por volta de meia-noite, com latas de tinta, improvisadas como vasilhas desse líquido asqueroso e o Zé Luis providenciou cabos de vassoura para adaptá-las às broxas de pintura de paredes, como ferramenta na aplicação. Seguimos nós três, no carro do Rubens e uma ou outra noite, tivemos ajuda de amigos abnegados, seguindo em outro carro. Mas o grosso do trabalho foi executado por nós mesmos (...) E assim foram noites e noites, tornando essa produção cansativa, pois enfrentávamos a burocracia de dia, ensaios e outros detalhes de produção".
Luiz Domingues.

Não propriamente para divulgar o vindouro show de reestreia, mas no intuito de "marcar" o nome da banda, A CHAVE DO SOL começou a se valer de pichações. Após colar os cartazes, o grupo saia e pichava o seu nome em muros dos bairros da Zona Sul (Saúde, Ipiranga, Vila Mariana); objetando posteriormente que essa divulgação abarcasse toda a capital de São Paulo. A pichação perto da estação de metro da Vila Mariana foi a mais resistente, durando até 1986. A última dessas ações se deu na companhia do poeta Julio Revoredo. A quadrilha foi pega em flagrante por uma viatura!!! Por sorte, os policiais foram condizentes com os jovens, somente revistando e confiscando as latas de spray, sem condução à delegacia. Foram alertados, contudo, que seriam autuados na reincidência.

"De fato, não foram poucas as vezes que pessoas me falaram terem visto tais pichações nesses muros e depois que a banda começou a ficar famosa, após termos começado a aparecer na TV, muitas pessoas contaram-me que viam essas pichações, mas não faziam a menor ideia do que significa aquilo, mas depois que despontamos na mídia, começaram a associar tal manifestação abominável, à existência da banda".
Luiz Domingues.


Chegou o dia 30 de abril de 1983, sábado, a data do show! Antes das oito da manhã, o polivalente Zé Luis Dinola já estava pendurado, furadeira em mão, numa escada de pintor de paredes para colocação dos trilhos das cortinas. O visual do show foi optimizado por uma ideia de última hora de Rubens. Colar nas cortinas posteres de seu acervo pessoal com imagens fantásticas dos ilustradores ingleses Roger Dean (famoso por seu trabalho com o YES, URIAH HEEP etc) e Roadney Matthews (notório por seu trabalho com o MAGNUM, ASIA, THIN LIZZY etc). O pessoal do PA (alugado), trouxe consigo duas torres laterais com oito spots de 500, também alugadas, para cada lado do palco. Iluminação fraca, assim como o número do público presente: 65 pagantes, num lugar que comportaria 300 presenças.




Todo repertório autoral foi apresentado ao público, com o Rubens e o Zé Luis cantando. De covers, foram poucos, "ainda bem": "My My Hey Hey" do NEIL YOUNG, uma do JIMI HENDRIX EXPERIENCE e "Tenneage Love Affair" do RICK DERRINGER. Luiz Domingues, surpreendendo, cantou duas músicas: a autoral "Intenções" (que já foi citada na biografia) e "Jumpin' Jack Flash" dos THE ROLLING STONES. O público ainda era aquele espectro de amigos e parentes, tanto melhor para o jovem grupo que aprendeu nessa feita (a primeira experiência em teatro), o quão diferente é se apresentar de se apresentar numa casa noturna, sem deixar o público esfriar.



Essa foi, também, a primeira vez que A CHAVE DO SOL tomou prejuízo em show. O lucro líquido da bilheteria não foi capaz de cobrir metade das despesas. O que sobrava dos altos cachês do Victoria Pub foi indo embora... assim como a ilusão de ter-se formado um público espontâneo de admiradores do trabalho do grupo. A banda precisava se readaptar. E isso foi buscado de imediato. A própria irmã de Rubens, a Rosana Gióia sugeriu uma amiga como vocalista, que havia, inclusive assistido o grupo no Victoria Pub com a Verônica nos vocais.

"Atrás do Rubens, encostada como guitarra sobressalente, uma Fender Mustang que ele quase comprou nessa ocasião. Estava emprestada para ele testá-la e de fato, a usou em alguns momentos de shows que fizemos no Victória Pub", LUIZ DOMINGUES.
Seu nome era Soraya Orenga. Loira, muito bonita e com uma bela voz, certamente em condições de ser vocalista d' A CHAVE DO SOL, ainda que seu talento não fosse tão esplendoroso quanto da Verônica. Ela tinha cantando em duas bandas covers anteriormente, FERRO VELHO e ALHURES. Ela não se interessou muito pela banda, ainda mais no momento crítico em que ela se apresentava, só fez teste, mas ficou ainda um tempo em órbita do conjunto, tendo cantado backing vocals na música "Luz", do primeiro lançamento do conjunto (que foi gravado em janeiro de 1984). O grupo continuou tentando e chegou a outra vocalista, essa morena e chamada Regiane. Ela vinha das banda SUPER BASTIÃO, porém seu estilo era mais voltado para MPB de dinâmicas mais leves do que para o punch pesado do Rock'n'Roll. Ela desapareceu do circulo da banda de imediato após as audições.


Decididos a seguir, por enquanto, como trio, Zé Luis chegou ao ensaio explicando que encontrara seu amigo de longa data, o guitarrista Fernando Deluqui, que também estava com uma banda autoral; chamada IGNOSE, Deluqui propusera um pacto de ajuda mutuas entre as bandas, de se apresentarem juntos, buscarem shows uma para a outra. Os grupos se conheceram e encontraram um no outro pessoas jovens (os d'A CHAVE DO SOL era um pouco mais velhos), bem educados e com interesses em comuns. Aproposta funcionaria muito bem, se não um detalhe: o IGNOSE era uma banda PUNK!

"(...) no meio do furacão oitentista, a ultra segmentação de tribos era uma realidade indiscutível, e dentro dessa perspectiva de animosidades radicais, não era recomendável que uma banda Punk se apresentasse no mesmo show com uma banda de cabeludos hippies e de orientação setentista, por motivos óbvios e de nada importava dizer aos radicais xiitas, que as bandas eram amigas e se respeitavam mutuamente, e indo além, tinham pacto de colaboração".
Luiz Domingues. 

Tal cooperação, porém, nada vingou, só uma visita a um salão num bairro do Sacomã, próximo ao Ipiranga, arrumado pelo Rubens, que estava começando a abrigar shows de bandas autorais. Ambos os grupos não gostaram das instalações, do dono do lugar e concluíram que "dois ilustres desconhecidos" de apresentando num lugar de difícil acesso e com pouca estrutura ("parecia o salão do Cerasa") era prejuízo na certa. Já indo embora, os grupos perceberam que havia uma terceira banda ensaiando num sala ("com vedação de caixas de ovos"), pois os moços deste power trio saíram para fumar, descansar etc. O nome da banda era CRISÁLIDA e seu baixista e vocalista era muito conhecido na cena rocker underground de São Paulo, já tendo conseguido algum reconhecimento nos anos 70: Orlando Lui, do ROCK DA MORTALHA!! Como era período vespertino de um dia de semana, houve o convite para assistirem um pouco do ensaio, prontamente atendido. O som do CRISÁLIDA não era pesado como o ROCK DA MORTALHA (cuja densidade o fez ser apelidado de BLACK SABBATH brasileiro) e era mais anacrônico que A CHAVE DO SOL; pois buscava evidentemente inspiração no período setentista do RUSH, Não obstante o entrosamento e qualidade, sem chances de sobreviver naquele underground hostil.



No que tangue ao IGNOSE, após poucas ligações o contato se desfez e o grupo ruiu. A CHAVE DO SOL nunca mais os viu, até que, em 1985, eles reconheceram o Deluqui como guitarrista do R.P.M., que acabará de mega estourar na mídia!! Luiz Domingues já sabiam da banda, "sonoridade de plástico, com os seus membros usando visual de dândis e fazendo caras & bocas de artistas metidos a "avant-garde", que se apresentava em bares ainda mais underground que os os d' A CHAVE DO SOL, como o Madame Satã, mas nunca imaginaram que seu antigo colega estava vivendo esse embalo. Já pensou se o pacto de cooperação tivesse sobrevivido ao IGNOSE?  Em se tratando do CRISÁLIDA, o grupo também logo acabou. Contudo, Orlando Lui formaria outra banda, o GOZOMETAL, se adaptando à estética oitentista e passaria a conviver bastante com A CHAVE DO SOL no futuro.



Procurando mais lugares para divulgar seu trabalho, a banda começou a ensaiar uma série de covers, com Zé Luis e Rubens dividindo as vozes e, ainda em maio, gravou uma demo caseira e fez um release de divulgação. A demo era precaríssima e o portfólio indicava as bandas anteriores, shows no Victoria e uma matéria de jornal. Novamente, a ideia era procurar um meio-termo entre o Cafe Palhetas e o Victoria Pub (ver capítulos anteriores). A grande maioria dos bares nem se dignava a responder. Um deles, o Calabar, que ficava em Cerqueira Cesar, ao lado da Av. Paulista, porém solicitou que o grupo viesse buscar seu material, pois NÃO seriam contratados. Seria um gentiliza muito grande do barzinho, não? Não! Além do material grafico (release) estar todo rabiscado, ainda gravaram um jogo do Santos Futebol Clube (com gol do Serginho Chulapa) por cima!




Esperando respostas dos bares, ele se lembraram: o cara do VAN HALEN! Esse moço, cujo nome perdeu-se realmente trabalhava na produção que agora trazia o KISS ao Brasil. Claro, A CHAVE DO SOL ainda estava muito começo e sem condições (sem ser conhecida do público) para tal evento internacional, mas resolveram tentar. O sujeito foi muito legal, pois, ainda com a negativa deu de presente para o Rubens cerca dez ingressos para o grande concerto internacional. Um outro contato relevante desta fase foi com o Festival de Iacanga, com grandes nomes do Rock e MPB. Novamente, não receberam resposta. A resposta que veio foi do programa "A Fábrica do Som", da TV Cultura, que trataremos em detalhe no capítulo a seguir. Por agora, basta dizer que A CHAVE DO SOL foi muito bem tratada pela produção do programa ("o que é raro nesse meio") quando da entrega do material e a ligação confirmando participação com data e horários para o soundcheck, era - até então - a melhor coisa que já acontecera à banda.



O astral subiu muito e a banda ainda tinha a apresentação do "Morro da Lua" a cumprir, no dia 24 de junho. Proposto inicialmente por um fã de QUEEN, que era sócia do Freddie Mercury, que eles conheceram no Victoria Club e que era dona de uma pista de Motocross. Essa apresentação começou com a ideia d' A CHAVE DO SOL fazer as vozes de Deacon, May e Taylor para o fã cantar como seu ídolo. Um ensaio aconteceu e não funcionou. O moço, chamado Fábio, propôs então um show com dublagem, já que não houve química entre a banda e ele como vocalista. Diante da recusa, veio a oferta que se tornou realidade: um show noturno d' A CHAVE DO SOL, num lugar sem iluminação, em meio a exibição de motos. "Achamos em princípio, uma bizarrice, mas sem perspectivas melhores e achando que poderia ser um agito interessante, topamos a loucura. Ele se prontificou a providenciar um gerador para suprir as nossas necessidades de equipamento e assim, aceitamos tocar, pela bilheteria do evento", recorda Luiz Domingues em sua autobiografia.


Na inexistência de fotos dessa apresentação no Morro da Lua, outra do Colégio Piratininga.
No dia do evento, pleno inverno e descampado, a banda teve de ir de tarde para conseguir montar tudo ainda com claridade. O pequeno P.A. de ensaio, o gerador arrumado pelo Fábio e como palco... a carroceria aberta de um caminhão... como iluminação, faróis de carros! Muitas quedas, colisões e manobras malucas, e perigosas,  rolaram no escuro, agradando da banda somente o Zé Luis (que é fã dessa ceara de esportes radiciais), enquanto o grupo esperava para se apresentar. Dado o sinal verde, cerca de 300 pessoas pararam para assisitr A CHAVE DO SOL! Os motociclistas não pararam, dando rasantes sobre a banda e a platéia! Como o som se dissipava muito (pois era pouca potência para um lugar muito amplo), foram privilegiadas as músicas instrumentais, já que só que estivesse bem na frente conseguiria ouvir com mixagem audível. Não obstante todas as dificuldades técnicas, o público que assistiu ao show aplaudiu bastante. Não foi possível desmontar o palco de madrugada, tendo de voltar na tarde seguinte, ainda mais porque os motociclistas queriam liberar o caminhão, que ficou no meio pista, jogando as motos como pressão. Um dos roadies, amigo do Rubens, havia ido ajudar com uma calça de veludo branca... e capotou na lama carregando a caixa de PA.... o que aconteceu com a calça? Enfim, foi um show sem condições técnicas, mas com muitas curiosidades e peculiaridades na carreira do grupo.

"Outro show bacana foi no Morumbi, numa pista de moto cross chamada Morro da lua.. Fazia muito frio, tocamos em cima de um caminhão... A certa altura os malucos achavam que, na neblina. As motos eram ets pousando...".
Rubens Gióia.

Novamente, a figura do PATRULHA DO ESPAÇO, na pessoa do Júnior cruza positivamente a trajetória d' A CHAVE DO SOL. Ele convidará a banda amiga para as duas primeiras apresentações desde o show do VAN HALEN, quando este sofrera um acidente (janeiro de 1983) que o deixara até sem poder tocar. A primeira feita, foi numa casa noturna em Santos, um tanto quando desconcertante. Se chamava HEAVY METAL, era frequentada pela jovem burguesia do litoral, não os rockers, e antes do Hard Rock da PATRULHA rolou um show intimista de M.P.B. do violinista FILÓ! O lugar contudo, por ser na avenida da orla, e adaptado de um cinema (com mesas onde ficariam as poltronas) gerava excelente acústica, assim como adequados palco, camarim e coxia. A ideia era conhecer o gerente do local e tentar encaixar A CHAVE DO SOL na agenda da casa; o que não funcionou. O segundo convite, era para ser a banda de abertura de um mega-show da PATRULHA DO ESPAÇO em Limeira, interior de São Paulo!



Às seis da manhã de 09 de julho os dois conjuntos saíram num ônibus fretado (alugado da banda de bailes PHOBUS) da Barra Funda! Além de toda excitação de viajar com uma banda grande, com equipe, roadies, muito equipamento de P.A. e iluminação, matéria publicada no jornal da cidade e expectativa de ginásio lotado, era o primeiro show d' A CHAVE DO SOL fora de São Paulo... e o que eles não sabiam, seria o melhor show da carreira até então! Após o soundcheck, feito no esquema que quem toca por último arruma o som primeiro, uma multidão tomou o clube Gran São João. A contagem de bilheteria era 2500 pagantes, mas os Luiz Domingues especula que eram 3500 pessoas dentro do lugar. As autorais foram "Luz", "18 Horas", "Atila", "Intenções" e "Utopia". De covers, rolaram "Tie Your Mother Down", QUEEN, "Hey, hey, my, my", NEIL YOUNG, "Blue Wind", JEFF BECK, "Blue Suede Shoes", CARL PECKINS e "Purple Haze" e "Foxy Lady", do JIMI HENDRIX EXPERIENCE.

O público reagiu muito bem à banda desconhecida, com picos de euforia no solo de bateria (!?!) do Zé Luis, no malabarismo Hendrixianos do Rubens, mais inusitado ainda, no solo de baixo de Luiz! Havia um grupo isolado de 20 pessoas gritando "Pauleira, Pauleira" nos intervalos das músicas, que mudaram o coro para "debulha, debulha" durante esse último! O próprio Júnior deu sinal para a banda tocar mais após a meia hora acertada esgotar, levando o show à duração de 40 minutos. A CHAVE DO SOL não ganhou cachê por essa apresentação, porém lucrou algo que dinheiro algum dá: confiança!



É da gravação desse show que foi resgatado o áudio do promo-video de "Intenções". O show todo foi registrado, existindo um projeto do baixista Luiz Domingues, de um dia disponibilizar o show todo, não obstante a qualidade precária. A PATRULHA DO ESPAÇO recebeu comedidamente A CHAVE DO SOL após o show e fizeram sua apresentação de maneira apreensiva, notadamente pelo momento que viviam de voltar agora à ativa.

"A oportunidade de fazermos um show de condições boas e para um grande público, nos possibilitou uma grande confiança para enfrentarmos o público do Sesc Pompéia, três dias depois e isso seria vital para uma mudança radical na nossa carreira, doravante".Luiz Domingues.

Após voltarem à Barra Funda e se despedirem, A CHAVE DO SOL voltava triunfante, confiante e esfuziante para o compromisso que acontecera na quarta-feira posterior a esse sábado. Apontamento esse que se repetiria e os faria famosos. A FÁBRICA DO SOM e seus desdobramentos, no próximo capítulo da biografia d ' A CHAVE DO SOL!