3 de julho de 2014

Fábio Ribeiro: "hoje é impossível ver Rock independente numa das principais emissoras do país".

Laura Gallotti, do site Brasil Metal História publicou, em 19 de junho de 2014, uma extensa entrevista com o músico Fábio Ribeiro. Considerado pelo site como o instrumentista menos lembrado nas bandas de rock, o tecladista tem carreira sólida nessa ceara complicadíssima, sendo mais lembrado pelas passagens pelo ANGRA e o SHAMAN, estando atualmente no REMOVE SILENCE. O blog: A CHAVE DO SOL foi citado na entrevista, por isso, como agradecimento, recortamos os trechos em o músico fala de sua passagem pela banda.

Confira o texto, chamado "Fábio Ribeiro: a busca pela verdade na música", integralmente, neste link:
http://www.brasilmetalhistoria.net/2014/06/fabio-ribeiro-busca-pela-verdade-na.html

Você participou da lendária banda de Hard Rock, A CHAVE DO SOL, que em 1988 passou a se chamar A CHAVE. Como foi a experiência?

Fábio: Foi uma época divertida. A CHAVE DO SOL foi minha primeira banda "profissional", que já tinha um público formado e certa estrutura. Entrei a convite de um dos roadies da banda, que estudava na mesma escola que minha namorada na época e havia ouvido uma demo da banda DESEQUILÍBRIOS, com a qual eu estava tocando após deixar o ANNUBIS. Eles estavam procurando um tecladista após a gravação do álbum “The Key” (1987). Eu nem sabia dirigir. Meu pai, também músico, sempre me apoiou e me levava aos ensaios. O primeiro show que fiz com eles foi no Teatro Mambembe em São Paulo, em dezembro de 1987, ainda com Rubens Gioia na guitarra e Ivan Busic (DR. SIN, ex-PLATINA, CHEROKEE etc), na bateria. Após a troca de formação, continuamos a viajar frequentemente. A banda também tinha um espaço razoável na mídia especializada e nos programas dedicados, na TV e no rádio. Foi uma experiência muito importante para o início da minha carreira, pois me ofereceram a oportunidade de começar bem cedo a aprender os truques da vida como músico profissional e os altos e baixos do show business underground brasileiro. Gravei um álbum com eles, “A New Revolution” (1989). Permaneci na banda até o final de 1989.

Fábio Ribeiro na época que ingressou para A CHAVE DO SOL.
Recentemente, o blog: A CHAVE DO SOL disponibilizou os videos completos do show no “Verão Vivo”, em 1988, no Guarujá, registrado pela TV Bandeirantes. Como era a recepção e a adesão do público a shows de Rock na época?

Fábio: Não creio que a recepção do público tenha mudado tanto assim. É uma coisa natural de qualquer pessoa absorver música de qualidade, desde que lhe seja apresentada. O problema está na extensão da onda de divulgação do estilo, que foi propositalmente encolhida a quase zero e que certamente reduziu este público drasticamente de lá para cá. A adesão diminuiu por esta razão. Eu não consigo visualizar hoje em dia um evento transmitido ao vivo em rede nacional por uma das principais emissoras do país com dezenas de bandas de Rock independentes, por exemplo. Mas vejo "artistas" dessa nova "música" brasileira recebendo cachês exorbitantes pagos com verbas públicas para animar eventos deste porte e simultaneamente promover arrastões e saques com sua ideologia pra lá de discutível. O que se fez com o Rock no Brasil, principalmente de uma década para cá, pode ser chamado de assassinato. Grandes, médios e pequenos estão sendo exterminados. Coisas incabíveis estão sendo esfregadas na nossa cara (...) Mas o show no “Verão Vivo” me traz ótimas lembranças. Quando A CHAVE mudou de formação, inicialmente entraram dois guitarristas - Edu Ardanuy e Theo Godinho -, fizemos alguns shows assim e depois somente o Edu permaneceu. Através dos anos participei de diversos projetos com o Theo, que faleceu recentemente. Um excelente guitarrista e grande amigo que deixou saudades.

Você também participou de outra grande banda brasileira de Hard Rock, o ANJOS DA NOITE, que teve como guitarrista em uma primeira fase o Edu Ardanuy, com quem você já havia tido contato por meio d' A CHAVE DO SOL. Como surgiu o convite para participar do grupo?

Fábio: O convite veio através do próprio Edu, que deixou A CHAVE para formar esta banda em 1989, ao lado de seu irmão, e também guitarrista, Atila e do vocalista Marco Sergio (Bavini), filho do cantor Sergio Reis. Permaneci na banda por cerca de um ano e meio. Foi uma experiência muito legal estar em uma banda que estava dando um passo além, para um reconhecimento pela grande mídia e por um público mais abrangente. Todavia, a carreira da banda foi como uma volta de montanha russa, pois o próprio estilo, o Hard Rock, já estava sendo literalmente engolido pelo Grunge lá fora e aqui no Brasil nunca teve força razoável para se tornar um estilo de música popular. Mas foi muito divertido enquanto o combustível do foguete durou.

A sua incursão pelo Rock progressivo pode ser sentida por meio da participação na banda paulistana VIOLETA DE OUTONO, que trazia um som mais psicodélico. Como foi a experiência?

Fábio: Toquei com o VIOLETA DE OUTONO entre 1997 e 2001, gravei vários trabalhos com eles, incluindo um disco ao vivo. Sempre gostei do clima da banda, desde que apareceram na cena nos anos oitenta, quando tiveram um bom destaque na mídia. Sempre os considerei mais ousados do que o que estava rolando na época, um som mais experimental, mas que ainda cativava os ouvidos mais simplistas por ser naturalmente agradável. Certa vez dividimos o palco em um festival, quando eu ainda tocava com A CHAVE DO SOL, mas viemos a nos conhecer apenas dez anos depois, em uma festa de Helloween na qual o Zé do Caixão fechou a noite com um show bizarro e um caixão de verdade foi sorteado entre os participantes. Fizemos diversos shows, muitas jams no estúdio e viajamos bastante. Um período muito agradável.

O blog: A CHAVE DO SOL tem em seu acervo outra entrevista com Fábio Ribeiro, concedida ao fã clube de ANDRÉ MATOS, em que o músico diz que se sentiu lesado por BETO CRUZ e que "A New Revolution" é seu pior registro. Confira abaixo:

http://achavedosol.blogspot.com.br/2012/04/fabio-ribeiro-tecladista-relembra-sua.html 

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