A CHAVE DO SOL teria se apresentado com seu power trio clássico (o baixista Luiz Domingues, o guitarrista Rubens Gióia e baterista José Luiz Dinola) mais um vocalista convidado em julho de 2020 no Teatro Cacilda Becker, na Lapa, em São Paulo. Seria a primeira vez que o veterano baixista Luiz Domingues, ativo profissionalmente no Rock Nacional desde 1976, tocaria com sua antiga e querida banda desde 1987. Havia muita expectativa por parte dos fãs e da própria A CHAVE DO SOL, já que Domingues não havia participado de nenhum evento anterior de reunião.
A pandemia do novo coronavírus inviabilizou o projeto, que coincidiria com o lançamento de um pacote de seis álbuns bootlegs (discos piratas) com material inédito de estúdio e ao vivo e mais uma coleção de almofadas da banda. Um golpe muito mais duro veio em janeiro do presente ano, 2021, quando o guitarrista e membro fundador Rubens Gióia, infelizmente e de maneira inesperada, veio a falecer. O blog: A CHAVE DO SOL conversou com Luiz Domingues e fez duas entrevistas: uma contando como seria esse show que reuniria o power-trio clássico do grupo após 34 anos e outra focado no lançamento dos bootlegs.
Confira agora a primeira parte do bate-papo e saiba em pormenores como se deu todo o processo em volta desse esperado show de reunião que não aconteceu. Quais músicas, formação, ondes e porquês serão respondidos nesta primeira etapa que inclui a intenção de se realizar um show tributo homenageando o guitarrista Rubens Gióia.
Luiz Domingues se apresentando com EDY STAR + OS KURANDEIROS em 2017. Foto: Carol Mendonça.
01 - Luiz, o Rubens vinha tentando voltar com A CHAVE DO SOL desde os anos 2000. De verdade, a ideia de juntar o power trio clássico surgiu por parte do Rubens em 1989. Nas cinco tentativas anteriores você não estava envolvido, só chegando a ensaiar uma vez para um concerto que não se realizou. Por que então você tinha aceitado voltar em 2020? O fato de ser o convite de um produtor e não uma iniciativa da própria banda ajudou? Seria só um show ou uma volta mesmo?
A pandemia do novo coronavírus inviabilizou o projeto, que coincidiria com o lançamento de um pacote de seis álbuns bootlegs (discos piratas) com material inédito de estúdio e ao vivo e mais uma coleção de almofadas da banda. Um golpe muito mais duro veio em janeiro do presente ano, 2021, quando o guitarrista e membro fundador Rubens Gióia, infelizmente e de maneira inesperada, veio a falecer. O blog: A CHAVE DO SOL conversou com Luiz Domingues e fez duas entrevistas: uma contando como seria esse show que reuniria o power-trio clássico do grupo após 34 anos e outra focado no lançamento dos bootlegs.
Confira agora a primeira parte do bate-papo e saiba em pormenores como se deu todo o processo em volta desse esperado show de reunião que não aconteceu. Quais músicas, formação, ondes e porquês serão respondidos nesta primeira etapa que inclui a intenção de se realizar um show tributo homenageando o guitarrista Rubens Gióia.
Luiz Domingues se apresentando com EDY STAR + OS KURANDEIROS em 2017. Foto: Carol Mendonça.
Luiz: Sim, exatamente foi o que você disse. O Rubens articulou a volta da banda desde 1989. Em cada uma dessas tentativas que ele fez anteriormente, eu estive envolvido com outros projetos e não foi possível participar. Sobre essa tentativa de 1989, por exemplo, eu estava comprometido para gravar o álbum do grupo: THE KEY, "A New Revolution" e lastimei muito a situação, pois eu não gostava esteticamente daquele trabalho e teria sido a melhor solução reativar A CHAVE DO SOL para o meu gosto pessoal e desenvolvimento de carreira, mas eu não poderia deixar o Beto Cruz em uma situação difícil, tendo em vista todo o esforço que ele fez para criar e manter de pé esse trabalho do THE KEY. E também aos companheiros, Rapolli, Ardanuy e Ribeiro, que foram tão solícitos quando montamos essa banda às pressas, portanto foi uma ironia do destino que me impediu de participar da reconstrução d' A CHAVE DO SOL, que teria sido o ideal.
Nos anos posteriores, quando o Rubens produziu a apresentação d' A CHAVE DO SOL no programa "Musikaos", em 2000, eu estava firme com A PATRULHA DO ESPAÇO e ficou inviável.
Em 2005, houve mais uma possibilidade, mas eu estava com o PEDRA, e como a banda ainda gravava o primeiro álbum e não estava preocupada em marcar shows nessa fase, eu aceitei o convite e cheguei a realizar um ensaio com o Rubens e o José Luiz, mas houve uma dificuldade para se convocar um cantor e no caso, teria sido o ator/cantor/instrumentista, André Frateschi, que é um ótimo cantor por sinal, mas este artista não pode participar por uma questão de agenda conflitante. Então um outro cantor foi acionado (não sei o nome desse outro rapaz, que era um contato do Rubens) e este demorou para responder e assim, ante a inviabilidade de se arrumar uma terceira opção de cantor, foi desmarcado o show. Nessa ocasião de 2005, eu queria fazer o show como Power-Trio, a reativar os sons dessa fase da nossa banda, mas os colegas queriam que houvesse um cantor de ofício e com o Beto Cruz a morar nos Estados Unidos e a dificuldade para arrumar um cantor aqui, não deu certo.
Em 2007 foi o show na Virada Cultural de São Paulo, certo? Bem, desta vez eu não quis tocar por estar a atuar com o Pedra, com disco novo sendo gravado etc e tal.
Em 2012, foi o Luiz Calanca que articulou a oportunidade e o Rubens insistiu bastante para eu participar, mas o Dinola não quis e assim eu não desejei participar de uma aparição sem a base primordial unida e assim, o Rubens fez sozinho, como único da formação original, com três músicos muito bons de apoio.
Houveram mais tentativas posteriores. Entre 2015 e 2017, o Rubens me abordou muitas vezes, ele quis inclusive entrar em estúdio para gravar músicas novas, mas desta vez, o Dinola se mostrou sem vontade para participar.
Desta vez de 2020, da minha parte quando surgiu esse convite do Gegê Guimarães, eu senti que seria diferente, pois eu havia participado de reuniões nostálgicas com duas ex-bandas (PATRULHA DO ESPAÇO e PEDRA), bem recentemente e havia gostado da experiência de rever velhos companheiros e tocar as músicas desses respectivos trabalhos. Portanto, despertou-me um sentimento bom sobre promover a mesma celebração com A CHAVE DO SOL. E houve um dado a mais: eu já estava a preparar a produção do lote com discos bootlegs da nossa banda e o show teria sido uma ocasião maravilhosa para promover o lançamento oficial de tais álbuns.
A CHAVE DO SOL em foto promocional de 1985: Rubens Gióia, Fran, Luiz Domingues e José Luiz\ Dinola. Essa formação está no quinto volume dos seis bootlegs lançados, no cd intitulado "Teatro Lira Paulistana 1985".
A CHAVE DO SOL em foto promocional de 1985: Rubens Gióia, Fran, Luiz Domingues e José Luiz\ Dinola. Essa formação está no quinto volume dos seis bootlegs lançados, no cd intitulado "Teatro Lira Paulistana 1985".
02 - Para o show de retorno vocês haviam optado por um vocalista que também tocasse guitarra e até teclado, que é o Rodriho Hid, do PEDRA e da PATRULHA DO ESPAÇO. Pela versatilidade do Rodrigo, vocês poderiam mudar alguns arranjos e convenções nas músicas. Que temas iriam tocar, quais seriam as contribuições dele, que músicas teriam alteração ou adição de teclado?
Luiz - Exatamente isso! Já sabedor que seria difícil contar com o Beto Cruz, eu gostaria de reativar o Power-Trio, mas como eu tive a certeza de que Dinola e Gióia insistiriam em contar com um vocalista, eu de imediato sugeri o Rodrigo Hid. Toquei em três bandas com ele, Hid: SIDHARTA, PATRULHA DO ESPAÇO e PEDRA, portanto sei do potencial dele como cantor e multi-instrumentista e o Dinola também o conhece bem pelo SIDHARTA e por bandas cover que ambos tiveram por muitos anos. A minha ideia foi que o Rodrigo cantasse todas as músicas, com exceção de "Luz" que eu pedi ao Rubens para cantá-la e assim preservamos ao máximo a identidade natural da nossa gravação para o compacto de 1984. Eu falei com o Hid para ele cantar e tocar mais teclados. Estava ansioso para tocar as músicas da nossa banda com esse tipo de apoio e imprimir uma sonoridade super setentista para as músicas e creio que ele tocaria guitarra apenas em "Saudade" exatamente para ser reproduzido o som de dueto que o Rubens gravou para a demo de outubro de 1986. Sobre o repertório que havíamos decidido tocarmos no show, seria esse:
01) Luz
02) 18 Horas
03) Anjo Rebelde
04) Um Minuto Além
05) Crisis (Maya)
06) Intenções
07) Átila
08) Sun City
09) Saudade
Bis:
10) A Dança das Sombras
Luiz Domingues e José Luiz Dinola junto com Rodrigo Hid, participando da gravação do disco solo do último, em março de 2017.
03 - O Rodrigo Hid seria outro ex-membro da PATRULHA DO ESPAÇO a tocar n' A CHAVE DO SOL, fazendo o caminho inverso seu e do Rubens. Vocês já pensavam em chamá-lo em 2014 no projeto A PATRULHA DO SOL, que acabou não se realizando?
Luiz - Bem, essa ideia partiu do Rubens, mas ele se precipitou ao insinuar publicamente a sua intenção, antes mesmo de consultar o Rolando e este não gostou dessa impertinência. Acho que a ideia era até interessante, mas o Rubens se precipitou, pois deveria ter consultado a todos previamente e pelo que eu saiba, ele só havia falado comigo e ao deixar vazar a possibilidade, irritou o Rolando e convenhamos, com razão. Mas seria apenas para um show a ser realizado na Virada Cultural, não seria uma banda doravante. Sobre a presença do Rodrigo Hid, não foi cogitada a hipótese. A ideia original foi misturar músicos que haviam sido membros das duas bandas, daí o trocadilho "Patrulha do Sol" e na ocasião, o Hid não tinha vínculo com A CHAVE DO SOL para justificar a sua inclusão no projeto.
"Anjo Rebelde" executada com o saudoso vocalista Fran, faixa que consta na coleção de seis bootlegs d' A CHAVE DO SOL que o baixista Luiz Domingues lançou entre 2020 e 2021. Esse tema estaria no repertório do show que ocorreria em julho de 2020 no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, capital.
"Anjo Rebelde" executada com o saudoso vocalista Fran, faixa que consta na coleção de seis bootlegs d' A CHAVE DO SOL que o baixista Luiz Domingues lançou entre 2020 e 2021. Esse tema estaria no repertório do show que ocorreria em julho de 2020 no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, capital.
04 - Muito infelizmente, os planos de volta d'A CHAVE DO SOL foram prorrogados em primeiro momento por conta da pandemia do novo corona vírus. Já no começo deste ano de 2021, com enorme tristeza e surpresa da parte de todos, o guitarrista Rubens Gióia subitamente faleceu. Como tem sido para você lidar com a perda do amigo de tão longa data? Esse material sendo lançado se tornou uma homenagem ao Rubens?
Luiz - Pois é, a pandemia nos atrapalhou em cem por cento em uma primeira avaliação, mas o falecimento do Rubens foi um golpe ainda mais duro. Sobre o choque que tivemos ao saber da sua morte, foi muito grande, naturalmente. Por uma série de contingências ( pandemia incluso), eu fui o único companheiro de banda presente em seu triste velório. O Paulo "Paulinho Heavy" Toledo, ex-vocalista do INOX, também esteve presente, mas eu nem o reconheci na hora, devido às máscaras que todos usamos no dia. Portanto, foi um velório praticamente restrito aos familiares do Rubens. Foi um momento de dor que provocou reflexão, certamente, pois é claro que eu revi toda a nossa construção da carreira d' A CHAVE DO SOL, a amizade, o triste rompimento de 1987 devido ao mal-entendido etc. Não foi a intenção inicial, haja vista a obviedade que tais álbuns deveriam terem sido lançados com um grande show, com ele a tocar e a estar feliz por isso, mas claro que esses seis discos bootleg o homenageiam de forma póstuma.
Luiz Domingues em 1984, na época que A CHAVE DO SOL lançava seu primeiro registro fonográfico oficial, o compacto "Luz / 18 Horas".
05 - Em setembro do ano que vêm será o aniversário de 40 anos do primeiro show d' A CHAVE DO SOL. Você pensa em lançar mais material inédito ou fazer uma apresentação nesta data? Quem sabe até uma homenagem aos saudosos musicistas que fizeram parte do grupo?
Luiz - Segundo o Gegê Guimarães, a data que tínhamos em julho de 2020 está em aberto e se a pandemia for vencida de fato, existe a possibilidade de haver um show tributo ao Rubens e o Dinola e o Hid já sinalizaram que aceitam participar. Eu só não gostaria que usássemos o nome A CHAVE DO SOL, pois tal denominação sempre foi algo muito associado ao sonho particular do Rubens que ele acalentava desde a sua infância. Sobre novos bootlegs, eu tenho mais fitas sim, com muitos shows ao vivo do período 1986/1987 da formação como quarteto, com o Beto Cruz. Penso em produzir novos discos, mas dependerá das finanças, primeiramente e da pandemia ser extinta, igualmente.
Luiz Domingues com a discografia d'A CHAVE DO SOL, oficial e bootleg, transformada em almofadas promocionais, que seriam vendidas no show que não ocorreu.
Não perca a segunda parte da entrevista com Luiz Domingues falando dos seis discos bootlegs lançados entre 2020 e 2021 abrangendo o período de 1982 a 1986 d' A CHAVE DO SOL!
Luiz Domingues com a discografia d'A CHAVE DO SOL, oficial e bootleg, transformada em almofadas promocionais, que seriam vendidas no show que não ocorreu.
Não perca a segunda parte da entrevista com Luiz Domingues falando dos seis discos bootlegs lançados entre 2020 e 2021 abrangendo o período de 1982 a 1986 d' A CHAVE DO SOL!
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